O uso de flúor em produtos dentais, especificamente em dentifrícios, é considerado uma das principais razões do declínio do índice de cáries em inúmeros países e áreas industrializadas como o Brasil. O excesso de flúor, no entanto, induz efeitos tóxicos, afetando o processo de mineralização dos dentes e causando o que se chama de fluorose dentária. Nesse sentido, Thiago Carvalho e equipe da Universidade Federal da Paraíba resolveram determinar a prevalência e a severidade de fluorose dentária em estudantes de 12 a 15 anos de idade de João Pessoa (PB) antes da implantação de um programa de fluoretação de águas.
Participaram do estudo 1.114 alunos, e o uso de dentifrício fluoretado também foi investigado. De acordo com artigo publicado na edição de número três de 2007 da revista Brazilian Oral Research, “a fluorose dentária é um problema de saúde pública em algumas localidades brasileiras devido a alta ingestão de flúor que se dá pela fluoretação das águas ou pela associação entre a fluoretação de águas e ingestão descontrolada de produtos fluoretados, particularmente de dentrifícios”.
Os resultados demonstram uma prevalência de fluorose acima do esperado, com uma taxa de 29,2%. A maioria dos estudantes informou que faz uso de dentifrícios desde a infância; 95% dos participantes preferiam marcas com 1.500 ppm de flúor e 40% confirmaram que usualmente ingeriam ou ainda ingerem dentifrício durante a escovação. De acordo com a equipe, “a prevalência de fluorose entre estudantes de João Pessoa é acima do esperado para uma cidade sem fluoretação de águas. No entanto, apesar de a maioria dos estudantes usar dentifrícios fluoretados, e quase a metade deles ingerir dentifrício quando escova, a maioria dos casos foi de pouco comprometimento estético sob o ponto de vista dos profissionais, o que sugere que a fluorose não se constitui em um problema de saúde pública nesta localidade”.
De qualquer forma, os especialistas alertam para a necessidade de um programa de fluoretação de águas controlado. “O programa de fluoretação das águas de João Pessoa pode ser recomendado com segurança. No entanto, um aumento dos casos de fluorose dentária, devido à associação entre a ingestão de dentifrícios e a fluoretação das águas, é esperado. Por outro lado, é importante ressaltar que um aumento na prevalência de fluorose não quer dizer um aumento na gravidade da fluorose. Com os resultados deste estudo em mãos, é difícil identificar as causas envolvidas na fluorose, mas é possível dizer que a fluoretação das águas não tem qualquer efeito sobre a prevalência atual de fluorose observada no grupo do estudo”.
Postado por: Márcio Robson.
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